Prêmio para a atuação de uma grande atriz num filme que revela um passado sombrio mostra o valor da produção cultural brasileira
Notícia publicada dia 06/01/2025 17:26
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Ainda estou aqui, o filme em que Fernanda Torres mostrou seu talento e ganhou um prêmio internacional, o Globo de Ouro, revela um tempo sombrio da política nacional que precisa estar na memória das gerações que viveram o período e das novas.
Esse é um lado importante da premiação recebida pela brasileira como melhor atriz entre as concorrentes, algumas delas mundialmente conhecidas e anteriormente premiadas.
Ditadura nunca mais
O filme, que foi visto por milhões de brasileiros e rodará o mundo, mostra o horror promovido pelos militares no Brasil a partir do golpe dado em 1964, que os colocou indevidamente no poder civil por longos 21 anos.
Nesse período, serviram à proteção dos interesses da elite econômica nacional e estrangeira com violência desmedida. Para isso, enterraram a democracia e transformaram o estado em um aglomerado de órgãos voltados à repressão da vontade e da luta do povo trabalhador e de suas organizações por melhores condições de vida, entre elas os Sindicatos, perseguiram, prenderam, torturaram e assassinaram os resistentes e suas lideranças.
Isso tem que ser lembrado, o que o filme faz ao resgatar a história de um desses resistentes, o ex-deputado Rubens Paiva, e da personagem interpretada por Fernanda Torres, Eunice Paiva, com quem Rubens era casado e que passou o restante da sua vida lutando para que o estado reconhecesse responsabilidade no desaparecimento e na morte do marido.
Também precisa ser lembrado que os militares não foram nem julgado nem punidos no Brasil, o que permite que sigam infernizando a vida política do país, arquitetando golpes, mamando fartamente nas tetas do estado, expressando brutalidade, sendo inúteis no papel a que teoricamente servem, de defender a pátria de inimigos estrangeiros, servindo apenas à repressão das lutas populares.
Em defesa da cultura
O Globo de Ouro recebido por Fernanda Torres também realça a importância da cultura e do cinema nacional, bem como das políticas públicas de estado, como a Lei Rouanet, voltadas a financiar produções como essa, que geram empregos para artistas, técnicos e trabalhadores do setor e possibilitem a expressão da dedicação e do talento nacional e o enriquecimento cultural do pais. Tudo que foi desmontado e combatido numa insana “guerra cultural” do governo de extrema direta e militarizado de um certo capitão.