Brasil volta a ser um país em que a população passa fome
Notícia publicada dia 14/06/2022 11:57
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A situação vinha piorando nos últimos anos e deu um salto enorme no período de pandemia devido ao desemprego, à inflação, à falta de políticas públicas específicas e ao desmonte dos programas de combate à fome pelo atual governo!
Quando pessoas apareceram na TV disputando lugar na fila do osso para obter algum alimento, ficou evidente que algo estava muito errado no país. Foi então que a imprensa e a população começaram a prestar mais atenção nos resultados das ações do governo.
O desemprego crescente, a inflação e os efeitos da pandemia não explicam a volta da fome. Pois se houvesse política para impedir que ela se alastrasse, não haveria fila do osso.
Mas as políticas públicas de combate a fome foram desmontadas uma a uma pelo governo, que disse desde a campanha que vinha mesmo para destruir, não para construir.
Ele destruiu os estoques reguladores de oferta e preços de alimentos. Privilegiou o agronegócio exportador e desmantelou o programa de agricultura familiar, responsável por produzir o alimento que vai para a mesa do brasileiro, e o programa nacional de alimentação escolar. Incentivou o desmatamento e criou políticas para os grandes fazendeiros, enquanto ignorou as necessidades da população.
Ai o Brasil andou para trás
Hoje, do total de 211,7 milhões de brasileiros(as), 116,8 milhões conviviam com algum grau de Insegurança Alimentar (IA) e, destes, 43,4 milhões não tinham alimentos em quantidade suficiente e 19 milhões de brasileiros(as) enfrentavam a fome em 2021. E agora em junho de 2022, esses 19 milhões já são 33 milhões.
É o que mostrou a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), com a divulgação dos dados do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pelo Instituto Vox Populi entre novembro de 2021 e abril de 2022.
Para o levantamento foram visitados 2.180 domicílios brasileiros, em todas as regiões do país. Constatou-se que 55,2% se encontravam em Insegurança Alimentar, 9% conviviam com a fome, ou seja, estavam em situação de IA grave, sendo pior essa condição nos domicílios de área rural (12%).
É chocante saber que 15,5% da população brasileira passa fome. E que mais da metade convive com algum tipo de insegurança alimentar, ou seja, se já não passa fome, não sabe se terá alimento no futuro imediato.
Pior para mulheres e nordestinos
As famílias chefiadas por mulheres são as mais atingidas, assim como as regiões Norte e Nordeste do país. Nesta última, nada menos que 12 milhões vivem no pior nível de insegurança alimentar, o grave, sinônimo de não ter o que comer.
Tão chocante quanto isso é saber que milhões de crianças são atingidas por esse flagelo, e que quanto menor a faixa etária da fome, mas prejuízos para a saúde e para a vida haverá no futuro.
Essa preocupação deve estar na mente de todos nos próximos meses, de campanha eleitoral para as eleições de outubro, quando um novo governo será eleito pelo povo, ou o atual mantido, e com ele todas as malvadezes e erros que levaram à situação atual.
Esses resultados devem alertar toda a sociedade brasileira para a urgência de ações e políticas públicas efetivas que auxiliem os grupos populacionais mais vulnerabilizados e promovam a Segurança Alimentar e Nutricional, ao lado de políticas estruturais direcionadas à redução das desigualdades sociais e das iniquidades no nosso país.