BRUMADINHO PEDE SOCORRO!
Notícia publicada dia 26/01/2019 19:01
Tamanho da fonte:
O SINTECT-SP se solidariza incondicionalmente com as comunidades afetadas, as vítimas desse absurdo desastre e seus familiares. Cobra ação efetiva dos Governos e da Vale e suas coligadas. E enfatiza que os novos governantes não podem fechar os olhos para antigas e recorrentes práticas empresariais, nem manter o discurso eleitoral de facilitação da ação empresarial em detrimento do meio ambiente, pois a tragédia e a destruição são seus resultados!
Negligência sem fim vem da privatização
O desastre de Brumadinho, ocorrido no dia 25 de janeiro, apenas 3 anos depois da destruição de Mariana, estava mais que anunciado e resulta da negligência, do descaso, da atividade empresarial predatória e da conivência do Estado.
E empresa foi privatizada no governo FHC, e a venda do ferro bruto extraído do solo mineiro passou a ser atividade extremamente lucrativa para empresários que, pelo lucro, sacrificam vidas humanas e a natureza sem nenhum escrúpulo.
Os versos visionários do mineiro de Itabira, localizada no chamado quadrilátero ferrífero, Carlos Drummond de Andrade, já sintetizavam momentos como esses.
I
O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.
II
Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!
III
A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.
IV
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?
(Drummond, 1984)
Irresponsabilidade privada
Apenas três anos se passaram do assombroso desastre ambiental em Mariana, na mesma Minas Gerais, e a história se repete como tragédia anunciada.
Em 2017, o Relatório de Segurança de Barragens (RSB), divulgado pela Agência Nacional de Águas (ANA), considerou 45 barragens vulneráveis e sob risco de rompimento, com aumento de 80% em relação ao ano anterior.
Ainda assim, em 11 de dezembro de 2018 o Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAN), órgão ligado ao governo mineiro, aprovou a ampliação de duas minas em Brumadinho e Sarzedo, a despeito da resistência das populações impactadas.
Foram autorizadas, em uma mesma reunião, as Licenças Prévia, de Instalação e de Operação. Só nestes dois casos a produção foi ampliada em 88%, e as mineradoras tem aval até 2032 para operar.
O biólogo e dirigente estadual do MAM (Movimento da Soberania Popular na Mineração), Luiz Paulo de Siqueira, afirmou em entrevistas que “a liberação acelerada de licenças para a ampliação das atividades (e lucro) das mineradoras foi um movimento puxado pela alta no preço dos minerais, em especial do minério de ferro.”
Esse movimento tem conexão com o rompimento da barragem em Brumadinho, uma vez que a Mineradora Vale obteve autorização para crescer sua operação na Mina do Feijão em dezembro de 2018, que pouco mais de um mês depois não suportou a carga e casou a tragédia anunciada, ceifando vidas e destruindo irreversivelmente o meio ambiente.
Segundo o especialista, na ânsia de “aumentar o lucro” aproveitando o “surto econômico da mineração”, várias empresas do ramo – entre elas, a Vale – passaram a pressionar o governo estadual para obter rapidamente as autorizações necessárias para crescer as operações.
Esse é um dos efeitos nefastos da privatização das estatais estratégicas: o lucro passa a ser a meta suprema, e que se danem os empregos, os direitos dos trabalhadores e da população e, inclusive, a vida e o meio ambiente!
Correios publica nota suspendendo arrecadações de donativos
Brasília, 26/1/2019 – As arrecadações de donativos para as vítimas de Brumadinho/MG foram suspensas por determinação das autoridades locais. Em razão disso, os Correios não mais receberão doações para a população daquela região. No entanto, a empresa continua em contato com os governos estadual e municipal e se mantém à disposição para prestar toda a ajuda que for necessária.
OBS: O recebimento de donativos para as vítimas de Brumadinho/MG foram suspensas por determinação das autoridades locais. Em razão disso, a arrecadação está suspensa temporariamente. Acompanhe as notícias e entregue sua doação no Sindicato ou numa AC dos Correios assim que forem retomadas.