Carteiros do CEE São Bernardo fazem greve para pedir mais segurança

Notícia publicada dia 07/11/2013 10:24

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Os 80 funcionários do Centro de Distribuição dos Correios em São Bernardo, localizado no bairro Nova Petrópolis, paralisaram suas atividades na segunda-feira, dia 04/11/2013. Apenas um empregado, da área administrativa, prestou serviço de atendimento telefônico. A greve foi motivada pela falta de segurança dos carteiros durante as entregas de correspondências e mercadorias.

Segundo estimativa do SINTECT/SP (Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios e Similares de São Paulo), cerca de 5.000 encomendas deixaram de ser entregues aos seus respectivos destinatários durante todo o dia de mobilização.

O centro é responsável pelas encomendas do serviço Sedex das cidades de Diadema e São Bernardo. A entidade garantiu que cobra dos Correios solução para a ampliação da segurança há três semanas. Segundo o diretor do SINTECT/SP responsável pelo Grande ABC, José Luiz de Oliveira, os trabalhadores da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) são frequentemente assaltados. “No bairro Jardim Eldorado, em Diadema, por exemplo, todos os dias os entregadores eram abordados. Fica difícil trabalhar assim, porque as pessoas precisam receber as encomendas, e não há condições para o trabalho”, disse Oliveira. Um funcionário que preferiu não se identificar revelou à equipe do Diário que é consenso entre os trabalhadores do centro de distribuição não atuar mais no Jardim Eldorado. “Estamos há dois meses sem realizar uma entrega sequer naquele bairro, que é muito perigoso”, garantiu.

Ele revelou que, entre 2008 e 2009, quando os Correios intensificaram as atividades de logística, a empresa começou a colocar escolta para acompanhar os veículos em locais perigosos. Mas, há cerca de 60 dias, não ocorre mais esse acompanhamento de seguranças. “Neste ano, nós sofremos 115 assaltos. Questionamos a empresa, já que tiraram a escolta, e ela nos informou que esse é um índice baixo de ocorrências, portanto, não há justificativa de colocar o tipo de serviço em urgência. E ainda um gerente nos falou hoje (04/11/2013) que teremos o dia (de paralisação) descontado”, relatou o trabalhador.

O sindicato apresentou prazo de 20 dias para os Correios se manifestarem em relação ao reforço da segurança. Caso a ECT não entre em contato, os trabalhadores irão cruzar os braços por tempo indeterminado.

SEGURANÇA – De acordo com o sindicato, há anos os funcionários enfrentam as dificuldades da criminalidade durante suas rotinas laborais. Segundo estimativa do SINTECT/SP, referente a 2012, a média de assaltos por mês a funcionários era de 25 casos. Isso apenas em Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá. Somente nas últimas duas semanas foram 13 assaltos em Diadema e São Bernardo. Tendo em vista que dez ocorreram nos bairros Taboão, em São Bernardo, e Canhema, em Diadema. As ações dos criminosos, porém, não se limitam a esses locais, havendo registros também no Jardim Silvina e Centro são-bernardense.
“Eu trabalho nos Correios há 13 anos. Fui roubado durante o serviço quatro vezes. Na penúltima semana de outubro, três rapazes, armados, me abordaram, em Diadema, me mandaram abrir o baú da moto e levaram as encomendas”, relatou o carteiro. Ele destacou ainda que foi o único com motocicleta abordado, pois acredita que a preferência dos bandidos é pelos veículos minivans. “Tem muito mais encomendas.”

AUTORIDADES – De acordo com o delegado seccional de São Bernardo, Waldomiro Bueno Filho, nas últimas semanas foram presas pessoas que faziam parte de quadrilha que atuava, especificamente, em roubo de veículos da ECT. “Na maioria dos casos, eles já têm informações sobre onde os Correios vão e que horas, sendo que já esperam em um carro para abordar o motorista”, afirmou.

O coronel Mauro Cezar dos Santos Ricciarelli, comandante da PM (Polícia Militar) na região, declarou que há ações preventivas em desenvolvimento. “Fizemos levantamento das principais características dos veículos que são alvos dos marginais. É o tipo van. Portanto, as viaturas já abordam esses tipos de veículos (dos Correios) para verificar se está tudo em ordem”, explicou.

Para o coronel, os roubos de carga e o de veículo são diferentes, mas têm a mesma importância para a PM. “Nossa ação é contra esses marginais, desde aquele que vai roubar um Sedex (unidade de encomenda), por exemplo, até o que rouba toda a carga”, disse Ricciarelli.

EXPLICAÇÃO – Os Correios, por meio de nota, “esclarecem que a paralisação no centro de entrega de encomendas de São Bernardo foi pontual. O retorno ao trabalho está previsto para ocorrer amanhã (05/11/2013). As encomendas urgentes, a serem distribuídas hoje (04/11/2013) por aquela unidade, foram redirecionadas para entrega por empregados de outras unidades da região.”

Em relação à onda de criminalidade citada pelos funcionários e sindicato, a ECT garantiu que está alerta. “Esclarecemos, ainda, que a empresa já está em contato com os órgãos de segurança da região para estabelecer ações conjuntas, a fim de se reduzir os índices de ocorrências.” Colaborou Pedro Souza.

por Yara Ferraz – Especial para o Diário do Grande ABC

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