Consciência Negra na luta por liberdade, igualdade, justiça social e por um futuro melhor
Notícia publicada dia 14/11/2022 13:49
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•O 20 de Novembro, Dia da Consciência Negra, é de lembrança e celebração dos símbolos da resistência negra no Brasil, como Zumbi dos Palmares, Dandara e outros
•O Novembro Negro é de análise e reflexão sobre a posição do negro e da negra na sociedade e no momento atual, de busca de novas formas para enfrentar a discriminação, a intolerância e o racismo que ainda perduram
O Brasil passa por um período conturbado sob vários aspectos. Entre eles a ação de autoridades da república para reafirmar preconceitos longamente combatidos e combater avanços duramente conquistados.
Nesse período vieram à tona pessoas fazendo apologia do nazismo e do racismo que o nutre. Pela boca de governantes vieram pensamentos, declarações e ataques que se julgavam sepultados. Como chamar cabelo crespo de “criatório de baratas”. Ou dizer que “nem para procriar o quilombola (que para ele se pesa em arrobas) serve mais”.
O racismo recalcado ficou exposto insepulto. As marcas de mais de 300 anos de escravização do povo negro no Brasil se revelaram. Assim como da segregação que veio depois da libertação, que soa como farsa, pois deu origem a um longo processo de discriminação e exclusão social que está na base das desigualdades sociais e raciais do Brasil de hoje.
Racismo ontem e hoje
Ao povo escravizado, nem a constituição de laços afetivos e familiares era permitido. Após a abolição, não foram criadas estruturas para inserir o negro na sociedade, para torná-lo força de trabalho livre e remunerada, para se estruturar enquanto cidadão. A própria vida familiar continuou cercada de dificuldades.
Na transição da sociedade agrária para a urbana industrial, a população negra não foi contemplada com as necessárias políticas públicas do Estado, por reparação pela escravidão ou de apoio social. Pelo contrário. Foram colocados à margem, preteridos no mercado de trabalho por operários imigrantes.
Com isso, o racismo cresceu e se forjou como fenômeno de forma ainda mais intensa. Com muita luta, a população negra foi sendo inserida vagarosamente. Com bravura, o movimento negro galgou alguns degraus, mas a ausência de ações afirmativas persiste até hoje. E mesmo a política de cotas nas universidades e outros espaços, a maior conquista em termos de reparação e política afirmativa, está sob ataque constante.
A plena integração do povo negro na sociedade ainda é uma utopia. Muitas lutas precisam ser travadas, muitos caminhos percorridos, mas o que se vivenciou nos últimos anos foram retrocessos, objetivos e subjetivos, na estrutura social e no inconsciente coletivo.
A secretaria de assuntos raciais do SINTECT-SP se posiciona na vanguarda dessa luta pela plena integração do povo negro, por políticas públicas de reparação e inclusão, pelo fortalecimento das cotas, por igualdade, contra toda forma de preconceito, discriminação e exclusão social!
Viva Zumbi, Dandara, Ganga Zumba, Tereza de Benguela, Aqualtune, Antonieta de Barros, Cruz e Souza, Mãe Menininha, João Cândido, Juliano Moreira, Lima Barreto, Machado de Assis, Luiz Gama, Milton Santos e muitas outras personalidades que honraram o panteão da resistência e todo a população negra brasileira.
Nas ruas por democracia e sem racismo!
No dia 20 de novembro, o SINTECT-SP, o movimento negro e organizações antirracistas ocuparão as ruas da capital paulista com a 19ª Marcha da Consciência Negra. O tema deste ano é “Por um Brasil e São Paulo com Democracia e Sem Racismo”.
A concentração começa às 10h, no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, altura do número 1578, na Bela Vista. A saída está marcada para às 11h, até as escadarias do Teatro Municipal, onde foi fundado o Movimento Negro Unificado (MNU), em 1978, sob o regime da ditadura militar.