Consciência Negra: população marcha em São Paulo contra o genocídio e o racismo
Notícia publicada dia 18/11/2017 09:47
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A 14ª Marcha da Consciência Negra, na segunda-feira (20), em São Paulo, tem como tema “Contra o Racismo e o Genocídio: Por um Projeto Político de Vida para o Povo Negro”. De acordo com Mônica Custódio, secretária da Igualdade Racial da CTB nacional, “é fundamental reforçarmos as campanhas em favor da igualdade de direitos”.
A concentração da marcha ocorre no vão do Masp – tradicional espaço de protestos na capital paulista -, a partir das 13h, com previsão de a caminhada começar às 16h. “A expectativa é de realizarmos um grande protesto para denunciarmos à sociedade a violência que sofremos em todos os campos da vida”, diz Lidiane Gomes, secretária da Igualdade Racial da CTB-SP.
As pesquisas confirmam o racismo estrutural vigente no Brasil. Como mostra o Atlas da Violência 2017, em cada 100 pessoas assassinadas no país, 71 são negras. O levantamento mostra que o genocídio da juventude negra cresce assustadoramente.
De 2005 a 2015 foram assassinados 318 mil jovens, cerca de 80% rapazes, negros, pobres e moradores da periferia. Somente em 2015 foram assassinados mais de 60 mil jovens.
“Boa parte pelas mãos do braço armado do Estado e sem razão alguma para isso. Outros ficam pelo caminho nas mãos do tráfico de drogas, pela absoluta falta de políticas públicas para a juventude. As mães choram as mortes de seus filhos que perdem a vida apenas por estarem na rua”, denuncia Custódio.
Assista reportagem especial da TV Brasil sobre o Quilombo dos Palmares
Como mostra o relatório “A Distância Que Nos Une”, da ONG Oxfam Brasil, a se manter o ritmo atual, negros e brancos só terão salários equivalentes em 2089 e “olha que os retrocessos promovidos por Michel Temer devem prorrogar isso para bem mais longe”, argumenta Gomes.
Estudo do Dieese aponta que a taxa de desocupação entre os negros na Região Metropolitana de São Paulo aumentou de 14,9% para 19,4%, enquanto a dos não negros subiu de 12,0% para 15,2%.
“A Questão que se coloca é que se for comparar salário e escolaridade, as diferenças se apresentam ainda maiores. Isso na mesma função e nível de escolaridade”, afirma Custódio. “É nesse quadro que chegamos aos 130 anos de Abolição”.
Gomes assinala que, por isso, “a 14ª Marcha da Consciência Negra deve trazer à tona o necessário debate sobre o que fazer para acabar com o racismo e com a violência que atinge os negros, que corresponde a 54% da população brasileira”.
Veja Quilombo (1984), de Cacá Diegues
“Estaremos nas ruas para denunciar todas as mazelas sofridas pelo povo negro. Porque queremos dignidade, porque queremos igualdade e o fim do genocídio de nossa juventude”, reforça.
Enfim, diz Custódio, “continuamos a lutar pela nossa humanização. Pela nossa vida e pela vida de nossos filhos, continuamos a lutar por igualdade no mercado de trabalho, pelo direito ao trabalho, à saúde, à moradia digna e à tão sonhada educação pública de qualidade”.
Portal CTB – Marcos Aurélio Ruy