Criação da Postal Saúde a toque de caixa e sem debate com os trabalhadores
Notícia publicada dia 24/05/2013 14:07
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Mais um desrespeito da ECT e ameaça de grandes retrocessos
De forma arrogante e intransigente, a ECT está criando a Postal Saúde. Trata-se de um novo sistema para o convênio médico à que tem direito os funcionários da ECT e seus dependentes. Atualmente há o Correios Saúde, administrado diretamente pela ECT. O novo sistema administrado pela Postal Saúde ficaria a cargo de outros, e a prestação de serviços a cargo de empresas privadas de saúde. Essa mudança é extremamente preocupante, pois diz respeito à assistência médica da categoria e seus dependentes, uma das principais conquistas dos trabalhadores dos Correios nesses anos de luta.
Vários ajustes e correções são necessários no atual sistema de prestação da assistência médica dos Correios. Mas o fato da Postal Saúde ter sido criada a toque de caixa, de forma escondida, sem qualquer debate, lembra aquilo que ocorreu com criação do PostalPrev para administrar os fundos do Postalis. Tudo pode se repetir, com grandes prejuízos aos trabalhadores.
A criação do Postal Saúde, descumpre de forma clara a Cláusula 11 do Acórdão julgado pelo TST em 2012, que prevê que o plano de saúde deveria ser mantido como estava até a próxima data base, além da criação de uma comissão paritária para discutir possíveis mudanças. Isso está sendo denunciado pela FINDECT à Justiça do Trabalho.
Falsidade
No site da Postal Saúde, a alegação para a sua criação é de que: “… serão implementadas melhorias na gestão que hoje não são possíveis. Podemos citar: informatização de todo o processo, inclusive de guias e autorizações, emissão de extratos on-line para que você saiba o que está sendo cobrado de compartilhamento e inclusive apontando qualquer inconsistência. A emissão de cartão de identificação de associado com serviços agregados. A modernização na gestão do Correios Saúde possibilitará uma otimização dos recursos financeiros do plano, possibilitando um melhor aproveitamento e melhoria nos serviços”.
Todas essas medidas já foram propostas há muito tempo pelo movimento sindical, e para isso não é necessário a ECT abrir mão do controle sobre todo esse processo, nem é necessário criar a Postal Saúde, o que leva a suspeita de que há muita mais coisa por trás da criação desse novo sistema.
Postalis na cabeça
Ocorre que a ECT abre mão de seu compromisso de administrar a assistência médica aos seus funcionários e seus dependentes, e repassa essa responsabilidade à uma nova entidade que esta sendo criada, a qual receberá vultuosos recursos da ECT para administrar esses serviços. Em caso de algum problema, falta ou mal uso destes recursos, a ECT estará isenta, restando aos trabalhadores cobrar da Postal Saúde. Preocupante ainda é o fato de que o Postalis, entidade de direito privado, que acumulou perdas significativas devido à sua má administração, é um dos patrocinadores da Postal Saúde. Sendo o objetivo do Postalis ser um fundo de pensão, ele não buscará obter dividendos e lucros ao patrocinar a Postal Saúde?
Motivo de lutas
De alguns anos para cá, uma das principais lutas da categoria é a manutenção e melhoria de seu convênio médico, inclusive tendo sido um dos motivos que levaram à diversos protestos e greves, como no ano passado. A postura novamente unilateral da ECT, que passa por cima da necessidade do diálogo com os trabalhadores e do julgamento do TST comprova novamente a sua irresponsabilidade.
Também é preciso destacar que enquanto a ECT pretende repassar milhões para serem administrados por uma entidade criada às escondidas, por pessoas que os trabalhadores nem conhecem, a situação da saúde entre os ecetistas continua das piores. A ECT é recordista em doenças profissionais no Brasil, empresa onde a aposentadoria, quando ocorre, é na ampla maioria por invalidez.
Esse é mais um debate que a empresa não quer fazer, e nas negociações de data-base que se iniciam em breve é preciso que essa situação seja debatida de forma séria, se for o caso com Greve, para sermos ouvidos com respeito.