CTB é referência internacional em política sindical
Notícia publicada dia 22/05/2012 19:42
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O 2° Congresso Nacional da CTB contou com a participação de cerca de 30 delegações internacionais, entre elas de Honduras, Cuba, Venezuela, Argentina, Chile, Uruguai, México, Vietnã, EUA, Japão, Nigéria e República do Congo.
Cada um dos representantes trouxe para o Congresso da CTB um pouco da realidade da organização dos trabalhadores em seus países, e demonstraram grande admiração pela forma como a CTB está organizada junto com seus sindicatos para vencer as investidas neoliberais e construir uma nação brasileira mais justa para todos.
Em entrevista à CTB, os delegados estrangeiros destacaram o alto nível de consciência política e de organização da Central, e o importante papel que ela cumpre na organização dos trabalhadores.
Federação Sindical Mundial
Representando a Federação Sindical Mundial (FSM), o peruano Valentim Pacho resumiu o 2° Congresso Nacional da CTB como um acontecimento de grande importância, devido ao contexto da crise do sistema capitalista, que ainda é um pretexto para que empresários e banqueiros tentem lucrar à custa dos trabalhadores.
Na opinião de Pacho, “a CTB tem muita importância, porque representa o movimento sindical de classe, com uma visão completa”, constituindo-se uma das centrais mais esclarecidas, política e ideologicamente, e que, inclusive, expande esta mobilização para o resto da América Latina.
Ainda sobre a realização do Congresso, Pacho destaca que “o movimento sindical tem muita expectativa a partir dos resultados deste congresso”, sendo, portanto, seus debates e resoluções fundamentais para que os trabalhadores do Brasil e da América Latina enfrentem as ofensivas das direitas na tentativa do continuísmo neoliberal.
Em nome da FSM, Valentim se demonstrou otimista com relação à organização dos trabalhadores em nível mundial, ressaltando as suas representativas demonstrações de disposição de luta por mudanças. “Creio que o movimento sindical na América Latina e em todo o mundo tem dado passos muito importantes na marcha pelas mudanças, e esta marcha não deve temer. Este será um ciclo de definições.”
Argentina: impressões e expressões
A Central de Trabalhadores da Argentina (CTA) estava representada no 2° Congresso da CTB, também, pelo seu secretário de Relações Internacionais, Fernando Cardozo, que se manifestou admirado pelo alto nível de consciência política da CTB, por tratar a questão da luta de classes de forma completa, debatendo todos os seus aspectos, como saúde, educação, reforma agrária, comunicação. “A CTB faz um amplo debate que engloba a integralidade e a tradição do movimento sindical brasileiro.”
Questionado sobre a organização sindical argentina, Cardozo esclareceu que há grandes semelhanças entre a CTB e a CTA, respeitando as particularidades do Brasil as de seu país, que tem duas centrais sindicais: a CTI e a CTA. “A CTA é uma organização classista e combativa. Nos sentimos realmente muito próximos da CTB, porque concordamos com os encaminhamentos estratégicos que estão sendo adotados por esta central.”
Seguindo esta linha, Fernando afirmou que a realização do Congresso da CTB “é um passo muito importante, porque abre uma perspectiva distinta. Uma estratégia de mobilização e de transição para o socialismo. Creio que não é um passo, creio que é um grande passo para o socialismo. E considero que a classe trabalhadora não tem mais tempo para perder. O tempo é agora e temos que ter consciência para debater, mas não só para diagnosticar, para projetar.”
EUA também esteve lá
Com a participação de um representante dos EUA, Ignacio Menezes, da Organização Sindical Laboral e do Sindicato Automotriz do Estado de Michigan, a crise do capitalismo foi debatida com depoimentos de quem viveu a realidade norte-americana, geradora de uma das mais graves crises financeiras e econômicas de toda a história.
“Nos EUA estamos sofrendo uma crise econômica, ecológica, financeira, quando os trabalhadores estão perdendo as suas casas para os bancos. A imprensa norte-americana calcula que no próximo ano se perderão 1 milhão e 800 mil casas.”
Porém, Menezes assegura que os trabalhadores têm dado demonstrações de que vão reverter este quadro, e que cobrarão do presidente Barack Obama o cumprimento de tudo o que prometeu. “Os trabalhadores norte-americanos têm a consciência política necessária para lutar e alcançar o que há de melhor em benefício dos trabalhadores, apesar de somente 12% da classe trabalhadora estar organizada em sindicatos.”
Ao se deparar com a massiva participação de trabalhadores junto com a CTB no Brasil, Ignacio exaltou a consciência política da direção da CTB e dos sindicatos a ela filiados. “Os membros da CTB têm uma consciência política muito avançada, não unicamente nacional, mas com solidariedade internacional.”
Neste sentido, para ele, o Congresso da CTB “é uma grande oportunidade para que os trabalhadores discutam os problemas e encarem os desafios que a classe trabalhadora brasileira vai enfrentar no futuro.”
O golpe em Honduras: relatos de um hondurenho
A representação de Honduras foi uma das mais homenageadas durante o 2° Congresso Nacional da CTB, por conta do golpe de Estado que esta nação sofreu.
Todas as intervenções do Congresso manifestaram total solidariedade ao povo hondurenho e enalteceram o papel que o Brasil está desempenhando para o desfecho positivo deste conflito, ao abrigar o presidente deposto Zelaya na embaixada brasileira em Honduras.
Walter Mandrique Juarez Hernandes trouxe aos delegados ao Congresso da CTB um pouco da realidade de seu país, saudou o povo brasileiro e o presidente Lula, e, em nome de sua nação, agradeceu pelo gesto do governo brasileiro e o seu compromisso com a democracia do mundo, com a democracia do Brasil e a democracia latino americana.
Denunciou, indignado, a onda de violência contra a população hondurenha: “de São Paulo, conclamo a comunidade internacional para que intervenha, para que não tenha um massacre no meu país. A população civil está desarmada e estão acontecendo vários ataques à embaixada. O embaixador e o departamento consular estão vomitando sangue, estão levando o país a uma guerra civil. Estão invadindo o território brasileiro, desrespeitando os acordos da ONU, dos direitos humanos.”
Ainda sobre as intervenções do Brasil e tentativas de intermediar o conflito em Honduras, Mandrique declarou esperançoso que acredita que todos os países da América Latina, principalmente, têm um compromisso com a democracia.
O representante de Honduras ainda agradeceu à direção da CTB e à organização do Congresso pela sua participação em um momento tão importante para a organização dos trabalhadores e alertou: “hoje pode ser Honduras, mas amanhã pode ser qualquer outro país.”
Por isso, ressaltou a urgência da mobilização dos povos para resistir às investidas neoliberais contra qualquer tentativa de comprometimento da democracia. “Como população, resistência, digo que golpe nunca mais! Queremos viver em uma democracia.”