Deputados aprovam reforma que assalta os direitos trabalhistas em 1º votação – Greve Geral Neles!
Notícia publicada dia 27/04/2017 14:53
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O PL 6787/16, a reforma trabalhista que assalta os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, encaminhada por Michel Temer e pelo Deputado relator Rogério Marinho, foi aprovada por 296 votos favoráveis e 177 contrários na Câmara dos Deputados. Agora ela segue para o Senado Federal.
Essa reforma retira qualquer segurança jurídica da classe trabalhadora, com a instituição da prevalência do negociado sobre o legislado, que representa a supressão dos direitos fundamentais consagrados na CLT.
O substitutivo aprovado dificulta o acesso dos trabalhadores e trabalhadoras à Justiça do trabalho, além de propor a cobrança de “pedágio” para que os empregados se utilizem de reclamatórias trabalhistas, através do pagamento de custas judiciais.
Com o trabalho intermitente, os trabalhadores e trabalhadoras deixam de ter assegurada uma jornada de trabalho preestabelecida, e passam a poder ficar à disposição das empresas, para trabalhar e receber por algumas horas, ou dias e receber salários correspondentes apenas ao período em que for convocado pela empresa.
O texto aprovado representa a retirada de direitos e a precarização das relações de trabalho. Já o fim da Contribuição Sindical, visa a enfraquecer a representação dos trabalhadores e trabalhadoras, inviabilizando as lutas das entidades sindicais, em defesa dos seus representados.
Trata-se de um gigantesco ataque ao povo brasileiro, que deve ser respondido nas ruas, com participação de todos e todas na greve geral do dia 28 de abril. A greve é a nossa arma para dizer NÃO ao roubo de nossos direitos históricos, conquistado ao longo de muitos anos e com muita luta, encaminhada pelo governo Temer e os partidos e parlamentares que o apoiam.
Governo corre, porque a luta dos trabalhadores está fazendo sua base de apoio começar a enfraquecer
Dos 382 deputados de partidos aliados presentes na votação da quarta-feira, 26 de abril, 86 (22,5%) votaram contra o substitutivo do relator Rogério Marinho (PSDB-RN), apoiado pelo governo. Essa baixa acendeu o alerta do governo. Com esse número, ele não conseguiria aprovar a reforma da Previdência, que por ser uma Proposta de Emenda à Constituição exige 2/3 dos votos para ser aprovada.
A mobilização dos trabalhadores e a rejeição às reformas excludentes do governo estão abalando sua base de apoio, pois os deputados estão de olho nas eleições de 2018.
Nossa tarefa é, portanto, ampliar a pressão, participando da greve geral e de todas as manifestações que forem convocadas e pressionar os deputados, pessoalmente e através das redes sociais, deixando claro que se votarem nessas reformas, não voltam ao Congresso nunca mais!
13 PONTOS DA REFORMA QUE MEXERÃO NA SUA VIDA PRA SEMPRE E PRA PIOR:
- Demissões coletivas. Agora os empregadores podem demitir todo mundo da sua empresa e contratar outras pessoas por menores salários e menores benefícios sem nenhuma multa.
- Trabalho temporário, pra sempre. O patrão vai poder te contratar por hora durante toda a sua vida. Sem garantias. Por exemplo: bares, restaurantes, indústrias poderão te chamar para trabalhar temporariamente quando quiserem e você não terá seu emprego e salário fixos garantidos.
- Hora-extra. A CLT prevê jornada de trabalho de no máximo 8 horas por dia. Agora, ao invés de pagar horas extras para o trabalhador que ficar mais tempo trabalhando, o empregador vai contratar uma jornada de trabalho maior. Diminui o salário do empregado no final do mês.
- Meia-hora de almoço. Antes era obrigatório almoço de uma hora. Mas para este governo apenas meia-hora é suficiente.
- Suas roupas também entraram na reforma. A partir de hoje o patrão vai poder dizer até como você tem que se vestir. Mesmo aqueles uniformes que te exponham ao ridículo estão liberados. E não importa que faça frio ou calor, a roupa é a que os patrões escolherem.
- Fim do transporte de empregados. As empresas não precisarão mais pagar pelas suas horas de deslocamento. Quem mora mais longe é o mais prejudicado. Vai perder tempo e dinheiro.
- Mexeram nas suas férias. Agora os patrões podem parcelar livremente suas férias em até 3 vezes, como for melhor pra eles.
- Se você é terceirizado, preste atenção: a empresa que contratou a terceirização (às vezes é o governo ou outra empresa bem maior) não vai mais ter responsabilidade nenhuma sobre sua indenização se você for demitido. Se você não receber os seus direitos, já era.
- E se você tem carteira assinada e está há muitos anos na empresa? Saiba que agora a empresa vai poder te demitir e demitir todos os teus colegas para contratar terceirizados, mais baratos pros patrões, sem direitos, sem carteira assinada.
- A crueldade chega até às grávidas: quem decide aonde as grávidas (e as lactantes) trabalham é o médico da empresa. Ou seja, mesmo que ela esteja em um local insalubre para ela e o bebê, quem decide agora o lugar de trabalho é teu patrão.
E a quem você vai poder reclamar?
- Não tem mais Comissão de Conciliação Prévia. O que o patrão negociar com você vai valer mais do que a Lei. Vale o que o patrão mandou e a regra que você assinou quando conseguiu o emprego.
- Rescisão. Não vai ser mais obrigatório o sindicato assinar a tua rescisão. Eles podem agora fazer a rescisão do jeito que eles quiserem. Você ficou não mão dos patrões.
- Golpe na Justiça do Trabalho. A justiça do trabalho não é mais gratuita. Você vai ter que pagar honorário até do perito. E se não tiver dinheiro, fica sem poder reclamar.
Por Professor Luis Felipe Miguel – Doutor em Ciências Sociais pela Unicamp, professor titular do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília e pesquisador do CNPq
Veja, abaixo, pontos que poderão se sobrepor à lei quando houver acordo entre empresários e trabalhadores:
– Pacto quanto à jornada de trabalho;
– Banco de horas anual;
– Intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a seis horas;
– Adesão ao Programa Seguro-Emprego;
– Plano de cargos, salários e funções;
– Regulamento empresarial;
– Representante dos trabalhadores no local de trabalho;
– “Teletrabalho”, ou home office e trabalho intermitente;
– Remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas e remuneração por desempenho individual;
– Modalidade de registro de jornada de trabalho;
– Troca do dia de feriado;
– Enquadramento do grau de insalubridade;
– Prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia do Ministério do Trabalho;
– Prêmios de incentivo em bens ou serviços;
– Participação nos lucros ou resultados da empresa.
Veja como cada partido votou:
Posição | Partido | Sim | Não | Votantes |
governo | DEM | 29 | 29 | |
governo | PEN | 2 | 1 | 3 |
governo | PHS | 2 | 4 | 6 |
governo | PMDB | 52 | 7 | 59 |
governo | PP | 34 | 9 | 43 |
governo | PPS | 6 | 3 | 9 |
governo | PR | 28 | 7 | 35 |
governo | PRB | 15 | 4 | 19 |
governo | PROS | 1 | 4 | 5 |
governo | PSD | 29 | 5 | 34 |
governo | PRP | 1 | 1 | |
governo | PSB | 14 | 16 | 30 |
governo | PSC | 8 | 2 | 10 |
governo | PSDB | 43 | 1 | 44 |
governo | PSL | 1 | 1 | 2 |
governo | PTB | 13 | 4 | 17 |
governo | PTdoB | 1 | 3 | 4 |
governo | PTN | 7 | 5 | 12 |
governo | PV | 4 | 2 | 6 |
governo | SD | 5 | 8 | 13 |
independente | PMB | 1 | 1 | |
oposição | PCdoB | 0 | 9 | 9 |
oposição | PDT | 1 | 15 | 16 |
oposição | PSOL | 6 | 6 | |
oposição | PT | 56 | 56 | |
oposição | Rede | 4 | 4 | |
TOTAL | 296 | 177 | 473 |