Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha: Uma luta permanente
Notícia publicada dia 25/07/2024 16:09
Tamanho da fonte:
Reafirmando a resistência e a necessidade de enfrentar o racismo e o sexismo
O dia 25 de julho é uma data de grande significado para a luta e resistência das mulheres negras na América Latina e no Caribe. Este dia reafirma a necessidade de enfrentar o racismo e o sexismo que ainda persistem em nossa sociedade, afetando profundamente a vida das mulheres negras. Além disso, promove a conscientização sobre o racismo e a violência contra as mulheres, destacando a urgência de ações concretas para combater essas injustiças.
Em 18 de julho de 2024, dados revelaram que o estupro atingiu níveis recordes no Brasil, com meninas negras sendo as maiores vítimas. Este cenário alarmante destaca a vulnerabilidade das mulheres negras e a necessidade urgente de políticas públicas eficazes para proteger seus direitos e garantir sua segurança.
Origem da data
A comemoração do 25 de julho teve início em 1992, em Santo Domingo, na República Dominicana, durante o 1º Encontro das Mulheres Negras Latinas e Caribenhas. Este evento foi fundamental para a formação da rede de mulheres afro-latino-americanas e afro-caribenhas, que conquistaram junto à ONU o reconhecimento oficial da data. No Brasil, em 2014, através da Lei 12.987, o dia 25 de julho foi instituído como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, homenageando a líder do Quilombo Quariterê.
Tereza de Benguela: Símbolo de Resistência
Tereza de Benguela é uma figura icônica na história da resistência negra no Brasil. No século XVIII, ela liderou o Quilombo de Quariterê por 20 anos, tornando-se uma rainha para mais de 100 membros de sua comunidade. Tereza organizou um parlamento comunitário, garantindo que todas as decisões fossem tomadas coletivamente, simbolizando a luta contra o colonialismo e a escravidão.
Realidade atual das mulheres negras
Apesar dos avanços históricos, as mulheres negras ainda enfrentam enormes desafios. Elas representam apenas 38,7% do total de servidores públicos federais, enquanto constituem 65% das empregadas domésticas. Além disso, possuem a maior taxa de desocupação e um elevado nível de informalidade no mercado de trabalho. Esses números refletem o racismo estrutural e a misoginia que persistem em nossa sociedade, impedindo a ascensão social das mulheres negras e perpetuando sua vulnerabilidade.
Racismo estrutural e desigualdade
O racismo estrutural permeia todas as esferas da sociedade, desde o mercado de trabalho até os serviços públicos essenciais. Mulheres negras são frequentemente as principais usuárias de serviços de assistência social, saúde, educação, mobilidade e habitação, evidenciando a desigualdade material que enfrentam. Essa realidade demonstra a necessidade de políticas inclusivas e justas que promovam a equidade racial e de gênero.
Celebração e reflexão
A Secretaria de Combate ao Racismo e a Secretaria de Mulheres da FINDECT destacam a importância dessa data para celebrar as conquistas e refletir sobre os desafios ainda presentes. Rosemeri Leodoro, Secretária suplente da Mulher da FINDECT, enfatiza: “É fundamental reconhecer e valorizar a contribuição das mulheres negras para a sociedade. Este dia é um momento de celebração, mas também de reflexão sobre os desafios que ainda enfrentamos. Precisamos continuar lutando por igualdade e justiça.“
O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha é uma data para celebrar a resistência e a luta contínua das mulheres negras. É um momento para lembrar das conquistas históricas e reconhecer os desafios atuais, reafirmando o compromisso de toda a sociedade em combater o racismo e o sexismo. Somente através de uma ação coletiva e consciente será possível construir uma sociedade mais justa e igualitária para todas as mulheres.