FINDECT debate conjuntura e a situação da categoria em seu Congresso
Notícia publicada dia 27/05/2017 15:25
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A proposta de Pauta de Reivindicações aprovada pelos representantes dos Sindicatos filiados (SINTECT-SP, SINTECT-RJ, SINTECT-MA, SINTECT-TO, Sindecteb- Bauru) será debatida com a categoria em assembleias e encaminhada para o início das negociações para o Acordo Coletivo 2017/2018.
O Congresso foi realizado em São Paulo nos dias 25 e 26 de maio e contou com debate sobre conjuntura política e econômica, assistência médica, entrega matutina, anistia, Postalis, assédio sexual no ambiente de trabalho e questão racial. As questões relevantes para a mulher Ecetista foram objeto de amplo debate nos dois dias que antecederam ao Congresso da FINDECT, com a realização do II Encontro Nacional de Mulheres FINDECT. Questões importantes foram abordadas, como a Reforma da Previdência e seus impactos para as mulheres – Veja texto sobre o encontro no site da FINDECT.
A proposta de pauta de reivindicações da categoria foi construída a partir de profundas reflexões sobre a realidade econômica do pais e a vivida pelos trabalhadores dos Correios. Nesse sentido, foram fundamentais para dar suporte à reflexão as palestras do Presidente Nacional da CTB, Adilson Araújo, e do Técnico do DIEESE Ilmar Ferreira da Silva.
O Companheiro Adilson Araújo, presidente nacional da CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil , abordou os reflexos nefastos da gestão Temer sobre os ganhos sociais da população e os direitos dos trabalhadores. Adilson afirma que “as reformas necessárias à população não estão sendo postas em prática (política, tributária, rural e urbana), mas sim uma retirada de direitos conquistados com muito suor e sangue do trabalhador”.
Disse ainda que é importante a conscientização da população sobre os retrocessos que estão sendo impostos à população brasileira. E que o ato em Brasília, no dia 24, considerado o maior já ocorrido na capital federal, demonstra a insatisfação dos trabalhadores, que estão revoltados diante das ameaças deste governo considerado ilegítimo pela classe trabalhadora.
Adilson afirmou que a luta precisa seguir até a derrota das reformas do governo, porque, do contrário, as relações de trabalho no país retrocederão ao início do século XX e haverá enorme transferência de renda da classe trabalhadora para as empresas e empresários. Completou chamando a categoria ecetista e permanecer nessa luta, que vai contar com nova greve geral convocada pelas Centrais, desta vez de 48 horas.
Na palestra do DIEESE sobre questões econômicas/INPC, o economista Ilmar Ferreira trouxe dados comparativos da inflação, ganhos reais, distribuição de renda e poder de compra dos últimos anos, mostrando a desaceleração, e até “um esfriamento da economia brasileira”. Segundo Ilmar, nas Negociações Coletivas que já aconteceram em 2017 (entre janeiro e maio foram 100), o resultado foi de aumento real de 1,5% em média. Afirmou ainda que o ICV-DIEESE (índice de custo de vida) indica um reajuste necessário para repor perdas, considerando o período de agosto/16 a Abril/17, de no mínimo 7,47%.
A partir dos dados apontados, o Congresso aprovou a proposta de pauta de reivindicações com as seguintes cláusulas econômicas:
Reposição da inflação (INPC) mais R$ 300 lineares;
Vale cesta – de R$ 224, 67 para 440,00;
VA/VR – de R$ 35,90 para 42,00;
10% de reajuste para os demais benefícios econômicos (vale extra, auxílio especial, auxílio creche).
O Congresso contou também com esclarecimentos sobre os investimentos do Postalis no BNY Mellon, amplamente divulgado na mídia como fraudulentos. O Diretor Financeiro do Postalis, eleito pelos Trabalhadores, Luiz Alberto, e o presidente do SINTECT-TO, José Aparecido Rufino, candidato ao Conselho Deliberativo do Postalis, estiveram em Washington participando de reuniões com a comitiva do Postalis, que busca recuperar o dinheiro retirado do fundo de pensão dos ecetistas, e relataram os encontros com autoridades norte-americanas, feitas no sentido de buscar apoio para acionar o BNY Mellon.
Os representantes dos Trabalhadores na Comissão Paritária que discutiu o Postal Saúde/assistência médica falaram sobre o resultado dos estudos. Lembraram que a empresa não considerou o que foi debatido e as propostas apresentadas pelos representantes dos trabalhadores, e impôs sua visão e sua proposta de custeio com pagamento de mensalidade e exclusão dos dependentes. Alertaram para a difícil discussão sobre esse tema que se dará na Campanha Salarial, que exigirá muita luta da categoria, que deverá estar organizada e preparada para uma dura e longa batalha.
O Diretor da FINDECT, responsável pelas discussões da Entrega Matutina com a empresa, Silvio Prudêncio, apresentou o andamento de sua implantação. Também colocou em discussão o acordo assinado ao final da greve iniciada no dia 26 de abril, além da suspensão do DDA e OAI.
Ficou por conta dos advogados da FINDECT, Hudson Marcelo da Silva e Marcos Vinícius Gimenes, apresentação do andamento das ações judiciais em defesa dos Ecetistas. Eles também apresentaram estudos sobre os impactos da terceirização e das reformas trabalhista e previdenciária sobre a categoria.
Palestra sobre “Assédio Moral e sexual no ambiente de trabalho”, ministrada pela Socióloga Juliana Oliveira, da FUNDACENTRO, também mostrou como essa prática, largamente usada como instrumento de gestão na ECT, afeta negativamente a saúde dos trabalhadores.
A parceria entre entidades com vistas à eleição do Postalis foi objeto de debate, com a presença de Inês Capelli (ADCAP), Daniela SchweigCichy (APECT), e Jesuíno (FAACO). “Uma chapa conjunta foi criada para recuperarmos o fundo de pensão para os Trabalhadores. É preciso um trabalho sério e comprometido com a categoria”, afirmou o vice-presidente da FINDECT, Elias Cesário (Diviza).
A mesa de debate sobre a “Questão Racial” foi a última, mas não menos importante, a ser constituída no Congresso. Uma das conclusões foi a importância de construir um encontro nacional sobre a questão, principalmente agora, momento em que são aprofundadas as discussões em torno do tema, tendo em vista as transformações político-econômicas que tingem o povo brasileiro.