Homem alega ter sido espancado por fiscais do Terminal Vila Luzita
Notícia publicada dia 08/03/2017 21:15
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“Estou com medo de entrar em ônibus”. É dessa forma que o carteiro Jeferson Ricardo Chaves do Prado, 35 anos, resume o que sente após ser agredido por supostos fiscais que realizam a segurança do terminal Vila Luzita, em Santo André. Espancado e ameaçado com uma pistola, o homem busca forças para superar o ocorrido.
Segundo Prado, tudo aconteceu na manhã do dia 22 de fevereiro, quando saia para trabalhar às 6h. O homem, que mora no Recreio Borda do Campo, na cidade, se preparava para entrar no ônibus junto com a filha que iria para a escola. O ônibus faz a linha Recreio da Borda do Campo – Vila Luzita.
Conforme relato do carteiro, sua filha ouviu o motorista reclamar que Prado entrara pela porta dos fundos sem se identificar, o que teria deixado o condutor do coletivo irritado. “Ele começou a me chamar de folgado e insinuar que eu só andava com o uniforme de carteiro para andar de graça nos ônibus”, explicou.
Sentindo-se ofendido, Prado foi tirar satisfação com o motorista e passaram a discutir. O carteiro desceu do coletivo e decidiu embarcar em outro ônibus. Quando chegou ao seu destino, na Vila Luzita, o motorista com quem tinha discutido já o aguardava na companhia de outros dois homens. “Pisei no terminal e os homens me arrastaram para trás de um ônibus, me algemaram e me bateram”, explicou. “Depois, fui arrastado para onde fica uma caixa d’água dentro do terminal e continuaram a me agredir física e psicologicamente”, relembra o homem.
De acordo com o carteiro, a sessão de espancamento durou cerca de trinta minutos e contou com a presença de um homem que se identificou apenas como GCM (Guarda Civil Metropolitano) que, armado com uma pistola, ameaçava a vida do carteiro pressionando o cano da arma em sua cabeça ou dentro de sua boca. “Ele disse que mataria a mim e a minha família. Até hoje não consigo esquecer dessas palavras”, relatou. Prado ainda tentou identificar seus agressores, mas descobriu apenas indícios de seus nomes. Um teria se identificado como Leandro e o outro como Cavalcante.
Prado efetuou um BO (Boletim de Ocorrência) alegando lesão corporal, abuso de autoridade e furto, já que os homens também teriam furtado R$ 200 de sua mochila. Diante dos fatos, os policiais encaminharam o carteiro ao IML (Instituto Médico Legal) onde, após exames, foram constatadas lesões no ombro esquerdo, no lado esquerdo do tórax e também no braço esquerdo.
Questionada, a Prefeitura de Santo André, por meio de nota, informou que a SA-Trans (responsável pelo gerenciamento de transporte público na cidade) entrou em contato com a Suzantur (operadora do Terminal Vila Luzita) e a empresa se dispôs a fornecer todo o material necessário às investigações. Ainda segundo a nota, a SA-Trans também se dispôs a fornecer todas as informações necessárias para elucidar o caso.
A Suzantur, também por meio de nota, afirmou que as informações narradas pelo carteiro são inverídicas. O motorista da empresa teria relatado que Prado embarca pelas portas traseiras dos coletivos sem se identificar todos os dias e ao ser questionado pelo condutor passou a ameaçar o motorista.
O motorista também fez um BO relatando a suposta ameaça, somente dez dias depois do fato. Questionada sobre a demora da realização do boletim de ocorrência, a Suzantur explicou que o DP (Departamento de Polícia) em que o motorista tentou o registro estava sem sistema. Segundo a empresa, o feriado de Carnaval também atrapalhou para que o documento que registrava a ameaça fosse realizado.
A empresa prosseguiu detalhando que Prado recebe cartão vale-transporte dos Correios, devendo pagar a passagem de ida e volta ao seu trabalho. A nota também supõe que a mulher de Prado estaria usando seu vale-transporte, o que seria irregular.
No entanto, nem a Prefeitura de Santo André, nem a Suzantur responderam quem é a responsável pela segurança no Terminal Vila Luzita.
Os Correios apurou a situação e explicou que a confusão envolve questões pessoais e familiares entre Prado e os supostos agressores. O órgão ainda explica que o colaborador relatou o ocorrido à sua gestão e que registrou boletim de ocorrência. Ressaltaram que o assunto em questão é de cunho particular do empregado, fora do ambiente e horário de trabalho.
Fonte: Diário Grande ABC