Juros altos travam a economia, aumentam o desemprego e o endividamento da população

Notícia publicada dia 24/02/2023 10:21

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A discussão do momento no país, com forte repercussão na mídia, é o problema dos Juros altos e sua relação com a inflação.

Enquanto o Presidente da República, Ministros e alguns economistas defendem a diminuição dos juros para que haja investimento na produção, e não apenas aplicações que rendem muito devido à taxa alta de retorno, o Presidente do Banco Central e analistas da grande mídia seguem dizendo que, se diminuir os juros, a inflação aumenta.

Enquanto isso os juros no Brasil seguem os maiores do planeta, a economia e a produção não andam, o desemprego continua alto e o endividamento das famílias cresce.

Algo precisa mudar. Mas o que exatamente?

A taxa de juros e o endividamento das famílias

A Selic, taxa básica de juros, terminou 2022 a 13,75%, o maior valor desde 2017. A última vez em que a Selic teve um valor mais alto do que esse foi em 2016, quando chegou a 14% ao ano.

Com juros nesse patamar e desemprego alto, as famílias se endividam para pagar as contas e comer. Uma pesquisa da CNC, a Confederação Nacional do Comércio, diz que 77,9% das famílias declararam ter dívidas em 2022.

A maioria contrai dívidas no cartão de crédito: 86,6%. Em geral, os bancos cobram cerca de 140% ao ano de juros sobre cartão e cheque especial. A inadimplência também bateu recorde e chegou a 28,9%. Isso quer dizer que a cada dez famílias, três atrasaram algum pagamento em 2022, segundo a pesquisa. E quando há atraso, a dívida aumenta.

As mais afetadas são as famílias mais pobres. Duas a cada dez famílias que recebem até 10 salários mínimos mensais se declararam “muito endividadas”, e comprometem 30,9% da sua renda com o pagamento de dívidas. Entre as famílias que recebem mais de 10 salários mínimos mensais, os números caem praticamente pela metade.

Presidente do BC diz que o consumo está alto

Com essa situação, como pode o Banco Central continuar falando que mantém os juros altos porque essa é a maneira de conter a inflação, que é de demanda? Ele quer dizer que a população esta comprando demais, que tem muito dinheiro na praça e que precisa de juros altos para as pessoas pararem de comprar.

Que realidade paralela é essa que só o Banco Central vê? O brasileiro está com muito dinheiro no bolso, consumindo demais? Ou os juros altos são forçados pelos bancos e pelos acionistas e especuladores, que ganham dinheiro com aplicações bancárias, no mercado de dinheiro e com ações na bolsa?

Juros altos ou baixos?

Para a esquerda, a taxas de juros não podem ser altas. Se forem, quem tem dinheiro não vai investir na produção de mercadorias, que é capaz de gerar emprego e renda. Vai aplicar seu dinheiro no mercado financeiro. Porque ai seu dinheiro aumenta sem precisar de esforço.

Além disso, as altas taxas de juros colocam as famílias em dívidas, como explicado acima. Sem dinheiro, elas deixam de comprar e movimentar a economia, o que pode parar os negócios no país.

É assim que o governo Lula enxerga o problema. O grande desafio para ele é retomar o investimento na produção industrial, aquecer o comércio, gerar emprego e renda e fazer a economia voltar a funcionar com dinheiro no bolso do povo.

A direita liberal e neoliberal diz que taxas de juros são altas para conter o aumento de preços. Ou seja, se a inflação está alta, subindo ou ameaçando subir, é necessário desaquecer a economia e ampliar o mercado de transação de dinheiro, o mercado financeiro.

O presidente do Banco Central e a mídia empresarial representam esse setor. Defendem a todo custo os juros altos, que faz quem é rico ficar mais rico às custa da paralisação da economia e do aumento da pobreza.

É uma quebra de braço que precisa ser resolvida em favor da maioria e do país!

Terceira via

Há um terceiro elemento nessa disputa. São os economistas, principalmente ligados ao pensamento das escolas econômicas americanas, que defendem a queda da inflação. Um deles é André Lara Resende, um dos formuladores do Plano Real.

Para ele, “Ao elevar a taxa de juros para conter a demanda e, supostamente, reduzir a inflação, o Banco Central está na realidade definindo a inflação mais alta”. A afirmação está em seu livro “Camisa de força ideológica”.

A Economista Mônica de Bolle, brasileira que atua nos Estadis Unidos, defende algo parecido nessa entrevista concedida ao UOL – https://m.youtube.com/watch?v=pFJEe0uok5Q

Interesse geral

Essa discussão é crucial. Dela depende o futuro da economia brasileira e a melhoria, ou não, das condições de vida da população trabalhadora. O mundo inteiro está de olho nela. O momento exige que todos se informem para superar o diversionismo e a deturpação do debate feito pela grande imprensa. E de mobilização geral pelas mudanças que o país precisa!

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