Mensalão do governo Bolsonaro comprou votos para controlar o Congresso
Notícia publicada dia 10/05/2021 20:59
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O governo usou o Ministério do Desenvolvimento e a Codevasp, estatal ligada à pasta, ao criar um esquema para pôr R$ 3 bilhões nas mãos de parlamentares em troca de apoio para a eleição dos candidatos fieis a Bolsonaro à presidência da Câmara e do Senado, o que é antidemocrático por esvaziar o papel do congresso ao submetê-lo ao executivo, e corrupto ao desvirtuar as regras para valores destinados e emendas e abrir flanco para superfaturamentos.
Estão chamando de tratoraço, porque a maior parte do dinheiro foi para a compra de tratores adquiridos por preços até 259% acima do valor de mercado. Tem roubo de dinheiro público aí e a velha e conhecida corrupção.
Os beneficiados foram os parlamentares que apoiaram os candidatos de Bolsonaro nas últimas eleições para a presidência do Senado e da Câmara.
Eles ganharam o direito de usar verbas para obras e compras de materiais em suas bases eleitorais em valor dezenas de vezes maior que o permitido. O teto para emendas individuais é R$ 8 milhões, e teve parlamentar que gastou 277 milhões, como o ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre. O atual presidente da Câmara, Arthur Lira, ficou com 114 milhões.
O esquema desmonta o sistema republicano e a democracia, ao colocar a maioria do congresso, que é o legislativo, a serviço do executivo, o governo, anulando o papel dos parlamentares.
Isso ficou evidente na votação da urgência para o PL 591/21, do governo, que acaba com o monopólio postal, com o subsídio cruzado e cria a possibilidade de concessão dos serviços postais.
Esse PL cria as condições para a privatização dos Correios, como reconheceram representantes do Ministério da Economia e do BNDEs em Audiência Pública sobre esse projeto lei.
Só por isso já exige uma ampla discussão. Mas a maioria dos deputados simplesmente repetiram os argumentos falsos do governo, de que o PL nada tema a ver com privatização, e votaram a favor da urgência sem refletir nem questionar.
Depois disso, a ação de parlamentares de oposição junto com a FINDECT e outras organizações sindicais da categoria, e a mobilização dos trabalhadores, conseguiram levantar a discussão, levaram à convocação de audiências públicas e a criação de uma comissão especial para analisar o tema.
Nova audiência está marcada pera essa sexta-feira, às 14hs, na Comissão de Legislação Participativa (CLP), com participação de José Aparecido Gimenes Gandara, presidente da Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Correios, a FINDECT.
Com o dinheiro do tratoraço, Bolsonaro compraria 50 milhões de vacinas contra Covid-19. Mas acabar com a pandemia e salvar o povo da morte e da fome definitivamente não são suas preocupações nem prioridades.
Veja os detalhes do esquema e os principais beneficiados em reportagem publicada pelo Estadão clicando AQUI.