Mulheres negras marcham pelo país para mostrar que todas as vidas são importantes
Notícia publicada dia 25/07/2017 01:30
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A Marcha das Mulheres Negras toma as ruas de diversas cidades nesta terça-feira (25) – Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha – para levar as bandeiras da igualdade, da justiça e da liberdade.
“Estamos nos organizando cada vez mais e indo para a rua nesse dia tão importante para as mulheres negras da América Latina e Caribe porque ainda temos muito a conquistar”, diz Mônica Custódio, secretária de Igualdade Racial, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
De acordo com ela, as mulheres negras percebem os avanços ocorridos nos últimos anos, mas querem igualdade de direitos em todos os setores da sociedade e da vida. “Agora temos voz. A voz dada por nós mesmas, porque as mulheres negras passaram a perceber os valores contidos umas nas outras”.
“A Marchas das Mulheres Negras denuncia os maus-tratos sofridos por nós duramente toda a história do Brasil”, afirma Lidiane Gomes, secretária da Igualdade Racial da CTB-SP. “Importante a união de forças das mulheres negras da América Latina e Caribe, porque a exclusão é igual em todos os lugares”, complementa.
Enquanto Custódio vê as vozes das jovens feministas, que descem das favelas, ecoarem cada vez mais longe. “As jovens mulheres negras estão trazendo uma nova discussão, a partir de um novo olhar que está sendo construído”.
Para ela, as jovens estão falando por si próprias, reivindicando seus espaços, sem esperar que falem por elas. “As mulheres negras estão construindo um novo lugar”. A sindicalista afirma ainda que “essa voz coletiva pode acabar ferindo quem luta contra nós”.
E aí, diz Custódio, “essas pessoas vêm pra cima da gente com todo o racismo estrutural, com todo o racismo institucional”. Gomes reforça essa ideia ao dizer que “as mulheres negras são excluídas do sistema de saúde, do processo educacional e consequentemente do trabalho formal”.
Ela observa ainda que “por uma herança do Brasil colônia, somos objetificadas sexualmente, porque não nos enxergam como seres humanos, mas apenas um objeto do desejo inconsciente”. Custódio concorda com isso e afirma existir um “duelo construtivo de ideias, um duelo cultural, onde ninguém sai desqualificada, porque todas têm o mesmo valor”.
Por isso, conclui, “precisamos lutar ainda mais porque estão matando os nossos filhos e toda vez que um jovem negro morre, uma mãe negra morre um pouco também”. E reforça: “Ocuparemos as ruas das grandes cidades para dizer que nossas vidas importam”.
Fonte: Portal CTB – Marcos Aurélio Ruy. Foto: Jornalistas Livres