Opinião Ecetista: Entendendo a armadilha do presidente da empresa Guilherme Campos sobre o plano de saúde
Notícia publicada dia 10/04/2017 12:17
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Muitos trabalhadores têm perguntado aos seus representantes sindicais sobre a proposta incompleta apresentada pelo do presidente Guilherme Campos, já que a diretoria dos Correios decidiu não apresentar os valores de mensalidades. Como já dito, por ser uma proposta incompleta, vamos ao que existe de informação e o que já se pode ter certeza do que foi apresentado.
Distribuição de valores entre funcionários X empresa na conta total do plano de saúde:
Um princípio fundamental na negociação de custeio está no valor que os Trabalhadores irão pagar, e quanto a Empresa irá assumir dos custos totais com o plano. Quanto maior o valor assumido pela empresa da conta total, menor a necessidade de os Trabalhadores sacrificarem seus já pequenos salários com mensalidades no plano.
Ex: hoje a empresa diz que paga 93% da conta total, e os trabalhadores 7%. Isso quer dizer que no fim do ano, a empresa vai ter investido R$ 1,86 bilhões (1 bilhão e oitocentos e sessenta milhões de reais) e os trabalhadores vão ter sacrificado com pagamento de seus salários um total de R$ 114 milhões no plano de saúde.
Ex¹: na proposta apresentada com os valores de mensalidade pelo Correios, com mensalidades altas, e co-participação a cada uso (10% para procedimentos e 30% para consultas), a empresa somente assumiria 50% da conta total, e os trabalhadores teriam de sacrificar seus salários e pagar a outra metade da conta. Nessa proposta, com os valores altíssimos de mensalidades – já recusadas pelas assembleias -, a empresa investiria R$ 1 bilhão e os trabalhadores sacrificariam em seus salários um total de R$ 1 bilhão. Isso é, se todos tivessem condição de pagar esses preços absurdos.
Como é possível observar, quanto mais a empresa assumir investindo na saúde dos trabalhadores, menor será o valor que vai sobrar para funcionários, aposentados e dependentes renunciarem em seus já baixos salários. Por isso, nosso Acordo Coletivo de Trabalho vigente é tão bom.
A nova proposta do presidente Guilherme Campos:
Memorizem a seguinte informação: o plano de saúde vai custar R$ 2 bilhões de reais no ano 2017.
O que foi colocado pela empresa como proposta final, e com isso posicionando a empresa como órgão que encerrou as negociações antes de seguir para os tribunais, também por ordem do presidente Guilherme Campos, foi a seguinte proposta incompleta: os trabalhadores ativos não pagam mais o plano de saúde, assim como os aposentados. Já os filhos, esposas, esposos, nossos pais e mães vão pagar o restante da conta total através do sacrifício dos salários. Seguindo pelo melhor cenário possível do que foi apresentado até agora, descartando morbidade, severidade, avaliação por faixa etária, avaliação per capita, gastos administrativos e custo pós emprego, enfocaremos no valor bruto total da conta abaixo de 2015 e 2016.
No ano de 2016 de janeiro até Junho, o grupo de titulares (ativos e aposentados) custou R$ 282 milhões na conta total. Já os demais dependentes, custaram cônjuges 175,5 millhões, filhos 75 milhões, pais e mãe R$ 246 milhões, de um total arredondado de R$ 778,5 milhões. Nos 6 meses seguintes esses valores se repetiram. No ano de 2016, também.
Para melhor visualização, em valores percentuais, o peso de cada grupo na conta total é o do quadro abaixo, não havendo maiores alterações durante todo o restante do ano de 2016.
Ou seja, na proposta da empresa criada pelo presidente Guilherme Campos os trabalhadores vão sacrificar os pagamentos em seus salários através de altas mensalidades e coparticipação (63,8% do custo total assistencial do plano de saúde) simplesmente por terem família! Caso haja algum lucro, Trabalhadores terão teriam “descontos na mensalidade”.
É muito cômodo para a empresa passar de 93% de um compromisso com a conta total – que nosso Acordo Coletivo de Trabalho nos garante hoje -, para 36,2%, caso a categoria aceitasse essa proposta. Desta maneira, passaria a economizar com o adoecimento das famílias de trabalhadores que não conseguissem pagar o plano de saúde. Mesmo havendo lucro em anos posteriores nessa empresa, havendo um preço previsto de conta total beirando os R$ 2 bilhões de reais para o plano de saúde, 15% desse lucro destinado a abater R$ 1,28 bilhões de reais (63,8% do total de gastos do plano de saúde previstos para 2017) seria insignificante como desconto nas mensalidades.
Usando o próprio exemplo da empresa, se o Correios lucrasse 1 bilhão de reais, seria garantido para o ano seguinte R$ 150 milhões de reais de “desconto nas mensalidades”. Esse valor que seria de responsabilidade para pagamento através de nossos salários, distribuídos em uma quantidade menor de vidas à pagar a conta (número total de pessoas no plano menos a quantidade de titulares) ainda ficaria acima de R$ 1 bilhão!!! Os valores de mensalidade seriam ainda maiores do que os preços já apresentados em uma possível tabela que os Correios não apresenta, porque sabe que é muito alta e ruim, impagável pelos baixos salários dos trabalhadores.
Não podemos cair no engano que aceitar não haver pagamentos pelos titulares (ativos e aposentados), mas haver cobrança de mensalidade para as demais vidas dentro do plano seja bom para um grupo de trabalhadores. Sem ter as famílias com acesso à saúde, os transtornos sociais irão aumentar muito. O número de vidas dentro do plano de saúde vai cair absurdamente, problemas com o pós emprego irão até aumentar, e o que parece bom para uma parcela dos trabalhadores, irá se tornar uma bomba relógio que vai explodir empurrando todos para contratos de plano de saúde com a iniciativa privada.
Esse é o motivo da empresa não aceitar apresentar a tabela de mensalidades dessa “nova proposta”, pois, se os trabalhadores tiverem que assumir essa dívida bilionária, vão estar condenando essas famílias, esses filhos, filhas, esposos, esposas, pais e mães ao negarem saúde a 300 mil vidas! Estamos em busca de melhorias no plano de saúde, e não de nos tornarmos cúmplices neste ataque às famílias dos trabalhadores!
Opinião de Wilson Araújo – Representante dos Trabalhadores na Mesa Paritária de melhorias no Plano de Saúde; Diretor da FINDECT no Maranhão.