Pandemia exige criação da fila única para internação em UTIs
Notícia publicada dia 18/05/2020 18:00
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Em meio a uma pandemia, não pode prevalecer a desigualdade social e econômica que marca o país. É uma questão de vida ou morte, e todo cidadão deve ter o mesmo direito a assistência, independente da classe social. Não é possível aceitar que os ricos tenham atendimento privilegiado e os pobres sejam deixados à própria sorte. Isso é selvageria social!
Frente à situação dramática na rede pública, com sistemas de saúde entrando em colapso em todo o país, com longas filas de espera para leitos hospitalares, a fila única é uma das mais urgentes medidas a serem tomadas.
Isso quer dizer que a fila de espera para UTIs públicas e privadas seria a mesma, o que é fundamental em situação excepcional de emergência como a atual. Busca evitar o colapso do sistema de saúde e garantir um acesso à saúde mais democratizado para toda a população.
Países como França, Espanha, Itália, Irlanda e Austrália decidiram implantar, em caráter emergencial, a gestão unificada dos leitos públicos e privados. Mas no Brasil as autoridades não definem essa medida provavelmente porque se preocupam em não desagradar e nem atingir interesses financeiros da iniciativa privada.
Mas essa resistência precisa ser vencida. A desigualdade na disponibilidade de leitos intensivos no país é gritante. Os leitos de UTI disponíveis no SUS representam, em média, um terço do número da rede privada. E apenas 25% da população tem plano de saúde privado.
Projeto de Lei
Por isso é muito bem-vinda a iniciativa do Deputado Federal Orlando Silva, PCdoB/SP, que apresentou o Projeto de Lei 2176/2020, na Câmara dos Deputados, para unificar a fila de acesso a internações nas UTIs, sejam leitos da rede pública ou particular, sob a coordenação do SUS, enquanto durar a pandemia, com internações de acordo com a gravidade do paciente e ordem de chegada na fila.
Isso é ainda mais importante visto que o vírus avança nas periferias das grandes cidades. O último mapeamento da prefeitura de São Paulo mostrou que os distritos com maior quantidade de mortos pelo Covid-19 são aqueles que concentram muitas favelas, cortiços e conjuntos habitacionais.
Ou seja, depois de uma primeira onda, que atingiu os setores sociais de maior poder aquisitivo e com planos médicos particulares, que viajaram para fora e voltaram contaminados, agora o contágio se espalha pelos bairros pobres e atinge os brasileiros que dependem exclusivamente do SUS.
Interesses da população X interesses privados
A iniciativa do Deputado mostra a importância da população trabalhadora e pobre ter representantes seus, comprometidos com a defesa de seus direitos no congresso nacional, nas Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais.
Essa é a opinião de Ricardo Adriane, o Nego Peixe, Secretário Geral do SINTECT-SP. Para ele, a situação atual mostra também a necessidade dos trabalhadores dos Correios elegerem representantes para defender a categoria e a estatal. “Os ataques do governo e da direção da ECT, a falta de medidas para proteger a categoria contra o coronavírus deixam evidente a importância da categoria eleger deputados e vereadores”, defende Peixe.