Para FINDECT, Correios podem sair da crise investindo no trabalhador
Notícia publicada dia 28/01/2016 14:19
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Ontem (27), em Brasília, ocorreu mais um encontro dos Dirigentes da Federação Interestadual dos Empregados da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (FINDECT) e do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares (SINTECT-SP, BRU, RJ, RO e TO) com a nova direção executiva dos Correios. Na pauta, a reestruturação da estatal, que passa por uma grave crise financeira e operacional.
Os sindicalistas que representam os trabalhadores da ECT querem garantir que a recuperação da empresa seja feita sem prejuízos ao trabalhador. Desde que o novo presidente, Giovanni Queiroz, assumiu os Correios, em novembro do ano passado, FINDECT e SINTECT/SP vêm mantendo reuniões mensais com a direção executiva na capital federal, contribuindo com propostas de melhorias e fiscalizando as ações de mudança.
Na ocasião, a nova equipe administrativa apresentou um balanço sobre a situação das contas da empresa. Segundo os dados divulgados, a previsão de receita para este ano é de R$20 bilhões. No entanto, as despesas devem atingir a casa dos R$23 bi. Diante disso, a diretoria discutiu com os sindicalistas um plano inicial de ações para reduzir gastos e resolver problemas operacionais. A proposta contempla, entre outras coisas, a otimização da rede de atendimento e de negócios nas despesas com saúde, indenizações, publicidade e patrocínio, custeio administrativo, investimentos e ativos.
O presidente ouviu opinião e sugestões do grupo e prometeu fazer um relatório mensal das ações, observando com cuidado a questão dos trabalhadores. Para ele, a intenção da sua gestão também é a de recuperar a empresa preservando os seus funcionários.
Elias Cesário (o Diviza), presidente do SINTECT-SP, disse que a missão da FINDECT e dos sindicatos é garantir que nesse processo de recuperação os trabalhadores não sofram danos. “Entendemos que a empresa não deve tocar nos salários nem nos direitos dos trabalhadores. Há um mês, por exemplo, a função dos supervisores e tesoureiros de agência foi extinta. Consideramos a atitude injusta e cobramos da direção a reintegração desses empregados nos respectivos cargos. A direção prometeu atender a nossa revindicação e vamos cobrar. A empresa tem muito mais gastos a enxugar na organização da área operacional e administrativa, que no quadro de funcionários. Estamos aqui para contribuir e apontar soluções que beneficiem os trabalhadores”, declarou.
O presidente da FINDECT, José Aparecido Gandara, foi além e cobrou um comprometimento maior do Executivo com os Correios neste período de dificuldades. “O governo não pode virar as costas, dizendo que não tem dinheiro para socorrer a empresa. É responsabilidade do governo sim. A ECT precisa voltar a ter credibilidade pela importância e visibilidade que essa empresa tem e até pelo retorno político que ela dá”, afirmou.
Em relação a nova gestão, Gandara reconhece e considera positiva a atitude dos novos dirigentes em manter o diálogo e considerar as propostas das entidades sindicais, mas pede um empenho maior em promover a valorização do trabalhador da companhia.
“Todos os trabalhadores estão esperando um gesto motivador da direção dos Correios para voltar a produzir. Sai-se de uma crise investindo também no trabalhador, nas condições de trabalho, nas unidades. Os trabalhadores construíram e carregam essa empresa nas costas há 350 anos. Viemos aqui para cobrar e ajudar, porque a ECT é nossa. Estamos aqui buscando, primeiramente, a dignidade e o reconhecimento da empresa para com os trabalhadores. Nunca tivemos este espaço que estamos tendo agora e não abriremos mão dele, vamos fazê-lo crescer mais. Nós da FINDECT e todos os mais 120 mil trabalhadores da ECT podemos e vamos contribuir com a reestruturação”, concluiu.
Fonte: Portal CTB – de Brasília, Ruth Helena de Souza