O ecetista trabalha em dobro por falta de funcionários, sofre com assaltos, falta de condições de trabalho, salários baixos e convênio médico deteriorado, e agora tem de ouvir que é o culpado pela crise financeira da empresa. É demais….

Depois do presidente interino Michel Temer afirmar que vai “privatizar tudo que for possível”, e que os Correios encabeçam a lista, agora vem o presidente da ECT dizer que a crise que afeta a empresa é “reflexo das atitudes dos funcionários”, ou seja, é culpa sua, nossa, de cada trabalhador da categoria!

Ele disse esse impropério à Rádio CBN, e a matéria foi ao ar nesta terça-feira, 5 de julho. Quem ouviu ficou chocado. Mas, passado o choque, é preciso questionar qual a intenção de Guilherme Campos.

Ele, que caiu de paraquedas na presidência da ECT, posição ganha por indicação política, e não sabe NADA de Correios, sabe ao menos que nada do que ele falou é verdade! Será que sua atitude visa a colocar a população contra a categoria para pavimentar o terreno para a privatização que Temer quer?

Veja o que ele disse à CBN e qual é a realidade:
“A crise financeira da empresa é reflexo das atitudes dos funcionários”.

Se dependesse das atitudes dos funcionários, não haveria crise financeira. A falta de empregados é grave e antiga. Há anos não tem concurso público. A quantidade de serviço, por outro lado, só aumenta. Na maioria dos setores e localidades, a sobrecarga de trabalho é cotidiana. Trabalhar por 2 ou 3 é uma realidade hoje na ECT. Crise financeira, se há, é culpa das gestões desastrosas realizadas pelos últimos presidentes e diretores dos Correios, todos indicados politicamente e sem conhecimento da realidade e do serviço da empresa. Bem como da sangria de recursos realizada pelo governo, que retirou mais do que podia do caixa da empresa para reforçar seu caixa, pagar juros da dívida pública e garantir o superávit fiscal.

“O que mais preocupa é o alto índice de atestados médicos”.

Estudo do Sindicato, coordenado pelo Médico do Trabalho e Psiquiatra Dr. Francisco Drumond mostrou que o alto grau de doenças profissionais que atingem os trabalhadores da categoria, física e psicologicamente, é resultado do tipo de trabalho realizado na empresa, pesado e cada dia mais perigoso, devido ao crescente número de assaltos a encomendas entregues pela empresa. Com a falta de funcionários, que já dura anos, a sobrecarga de trabalho e a pressão das chefias, via assédio moral e punições, o grau de adoecimento piora. E o presidente da empresa tem a cara de pau de culpar o trabalhador por adoecer, dando a entender que ele é preguiçoso, e por isso pega atestados. É revoltante!

“Concurso público, é impossível que ocorra, ao contrário, a tendência é cortar cargos, realizar demissão voluntária e demitir aposentados”.

Ou seja, a situação vai piorar muito! O que esse Sr. quer? Reestabelecer a escravidão e implanta-la nos Correios? Porque se o número de funcionários diminuir ainda mais, vai virar escravidão, com mais sobrecarga de trabalho e adoecimento.

O presidente da ECT “Espera empenho e mudança de atitude dos funcionários, QUE NÃO SE DERAM CONTA DA GRAVIDADE DA SITUAÇÃO”.

A mudança de atitude virá nesta Campanha Salarial. A categoria vai gritar bem alto um CHEGA aos desmandos políticos, à má administração que está destruindo os Correios, aos baixos salários e péssimas condições de trabalho! Vamos à luta por nossos direitos, contra a privatização, por um Correio Público de qualidade!!!