Além de inconstitucional, privatização dos Correios é destruição do patrimônio público e favorecimento ao sistema financeiro e aos empresários do setor, afirma Diviza

Notícia publicada dia 07/07/2021 11:14

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O governo Bolsonaro quer destruir os Correios, e se conseguir vai ampliar o desemprego, causar um apagão postal no país e inviabilizar os pequenos negócios empresariais e comerciais, os principais impulsionadores da economia e da geração de emprego!

O Brasil atual acopla sua economia à divisão internacional do capitalismo e a direciona a satisfazer as necessidades e interesses das grandes potências, como no período colonial. E com isso fica para trás, volta a ser um país agrário, retrocede na capacidade produtiva, na produção e no avanço tecnológico.

Sem política industrial e projeto de desenvolvimento, o Brasil está encolhendo. A privatização é parte da opção política dos atuais dirigentes e piora o cenário.

Sem estatais tudo vai se deteriorar mais rápido. São elas que fazem investimentos, promovem inovações, sustentam e dão condições para a economia funcionar e dar base ao crescimento. Ainda mais nas condições atuais de recessão, crise econômica e desemprego.

Governo na contramão

Os neoliberais, com o ministro banqueiro Paulo Guedes à frente, defendem estado mínimo. Afirmam que isso viabiliza o livre mercado e dá maior competitividade, e que isso faz a economia funcionar melhor. Aí defendem privatizar tudo.

Estão na contramão do mundo. Os países que já passaram por isso, voltaram atrás, porque o resultado foi maior concentração de riquezas, crescimento das grandes empresas e fechamento de oportunidades para as pequenas, com quebradeira geral. E são elas que geram mais empregos e dinamizam as economias.

Correios essenciais

Nas atuais condições do capitalismo, sob os novos paradigmas tecnológicos, três custos principais baseiam a atividade empresarial. Financiamento para investir, a compra de energia e transporte mais logística para a entrega dos produtos diretamente aos consumidores.

Nesse Brasil na contramão, querem privatizar os bancos públicos, a Eletrobras e os Correios. Justamente os três setores estatais que dão base às atividades econômicas e terão importância cada vez maior na economia.

Servindo ao sistema financeiro e a empresários

Antes de tudo, isso denuncia os governantes que atuam para favorecer os grandes bancos e empresas do setor privado no controle da economia e ampliação de lucros.

Se conseguirem emplacar essas privatizações, os pequenos negócios ficarão com os custos maiores. Como ocorre nos bancos hoje. Quem tem pouco dinheiro paga mais e tem menos rendimento que que tem muito.

Para sobreviver, os pequenos vão ter que trabalhar para os grandes e entregar parte de suas rendas a eles. Amazon, Mercado Livre, I Food, Uber e outros gigantes vão abocanhar todo o setor de entregas.

É isso que querem aqueles que defendem a privatização. No setor postal, o resultado pode ser visto com o modelo americano. Lá as empresas privadas controlam as entregas nos centros lucrativos e o estado mantém com recursos públicos uma estatal de Correios com quase 500 mil funcionários, para garantir o serviço nas áreas remotas, periféricas e deficitárias. As próprias empresas privadas usam o Correio estatal para entregar nessas áreas.

Estatais são necessárias

O estado sempre foi e continua necessário para regular e viabilizar a competição no capitalismo. Na atual fase de acumulação do capital, com enormes conglomerados transnacionais capazes de incorporar tudo, é ele que atua para os pequenos poderem sobreviver e a economia ser mais sólida e distributiva.

Sem o estado e as estatais, a concentração aumenta e leva à desigualdade na distribuição de renda, em que o Brasil é campeão mundial, à concentração de riqueza e aumento cada vez maior da pobreza, da miséria e da violência.

O estado é, portanto, fundamental para dar suporte à estrutura econômica da sociedade e suporte às necessidades da população, como ficou evidente na pandemia.

Se não existisse o SUS, os hospitais e postos de saúde públicos, e se a população dependesse apenas do atendimento privado, a mortandade por Covid seria ainda mais devastadora no Brasil. E se não fossem as estatais Fiocruz e Instituto Butantã, não existiria a produção de vacinas.

Algo similar ocorrerá se houver privatização dos Correios.

O Brasil viverá um apagão postal, a população de milhares de cidades ficará sem atendimento, as economias desses locais encolherão, pequenas e médias empresas não sobreviverão, o país diminuirá e, no final, o estado terá de usar dinheiro público para remendar o mal causado pela entrega do controle do setor postal às empresas privadas.

Precarização e uberização

E haverá mais desemprego e precarização. Não porque o setor funcionará com menos funcionários, pois as entregas aumentam e exigem cada vez mais pessoas no serviço. Mas porque funcionará com trabalhadores informais, trabalhando isolados e por contra própria em seus próprios carros e motos.

Sem direitos trabalhistas, esses trabalhadores enfrentarão maior carga de trabalho, mais exploração, salários e direitos menores, mas terão maior dificuldade de ser organizar e lutar por seus direitos, pois sua organização sindical será dificultada.

Esse é um dos desejos e planos do capital para manter e ampliar sua acumulação às custas da extração de recursos do trabalho individual e social.

A resistência é necessária. Não aos avanços tecnológicos, mas ao plano do capital, de usá-los em seu benefício e com eles ampliar a exploração do trabalho e piorar ainda mais a situação dos trabalhadores. A luta é pela justiça social, com socialização dos ganhos e possibilidades trazidos pela tecnologia.

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