Correios têm a pior avaliação em saúde mental entre empresas brasileiras
Notícia publicada dia 12/11/2024 12:56
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Levantamento do Instituto Philos revela quadro alarmante: trabalhadores enfrentam sobrecarga, insegurança e descaso com a saúde mental no ambiente dos Correios
Um dado preocupante foi divulgado pelo Anuário Saúde Mental nas Empresas 2024, realizado pelo Instituto Philos: os Correios ocupam a última posição entre as 81 empresas públicas e privadas analisadas quanto ao cuidado com a saúde mental dos seus trabalhadores. Essa classificação expõe uma situação crítica, onde os trabalhadores enfrentam diariamente um ambiente marcado pela sobrecarga, pressão extrema e condições inadequadas para o exercício de suas atividades.
Nos últimos anos, os trabalhadores dos Correios têm vivenciado um cenário de precarização crescente. Com o quadro de funcionários cada vez mais reduzido e as demandas aumentadas, a falta de condições adequadas de trabalho resulta em índices cada vez mais elevados de adoecimento mental e físico. A pressão por metas inalcançáveis, somada à insuficiência de pessoal, leva a jornadas exaustivas e um ciclo de esgotamento. Esse ambiente prejudicial contribui para o aumento de casos de ansiedade, depressão e burnout, reflexo direto da falta de políticas de saúde e bem-estar por parte da gestão.
Concurso insuficiente e falta de ação da direção
Em resposta à pressão da categoria e à necessidade crescente de mão de obra, os Correios anunciaram recentemente um concurso para o preenchimento de pouco mais de 3.000 vagas, com provas previstas para dezembro. Contudo, essa quantidade de vagas é insuficiente para atender ao real déficit de pessoal, que só tem aumentado desde o último concurso, realizado em 2011. A escassez de trabalhadores tem levado a categoria a trabalhar no limite, comprometendo tanto a saúde dos empregados quanto a qualidade do serviço.
Para tentar mitigar esse cenário, a FINDECT (Federação Interestadual dos Sindicato dis Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios) notificou formalmente os Correios, exigindo a retificação do edital para aumentar o número de vagas e incluir outros cargos essenciais, como atendente comercial e operador de triagem. No entanto, até o momento, a resposta da gestão não foi positiva, e o número atual de vagas permanece aquém das necessidades reais, sinalizando que a sobrecarga dos trabalhadores e os problemas nas unidades de trabalho continuarão.
Gestão resiste ao cumprimento do Acordo Coletivo e dificulta o acesso a um plano de saúde acessível e de qualidade
Além disso, os trabalhadores dos Correios aguardam desde 2023 o cumprimento do acordo firmado com o presidente da estatal durante a negociação do Acordo Coletivo, que incluía a redução da coparticipação no plano de saúde e a abertura de um debate sério sobre a redução do custeio. Essas medidas visam proporcionar aos trabalhadores um plano de saúde acessível e de qualidade, que atenda às suas necessidades e as de suas famílias. No entanto, a categoria tem enfrentado forte resistência por parte da direção dos Correios, que tem dificultado a implementação deste compromisso assumido, colocando em risco a saúde dos trabalhadores e onerando-os financeiramente.
Gestão negligencia saúde mental e bem-estar dos trabalhadores
Enquanto outras estatais, como Banco do Brasil e Petrobras, têm avançado na implementação de políticas de apoio ao bem-estar psicológico dos seus trabalhadores, os Correios permanecem na “lanterna” do ranking, com uma gestão que ignora as necessidades dos trabalhadores. A saúde mental não tem sido tratada como prioridade, e o ambiente segue permeado por cobranças e pressões, sem o devido respeito às necessidades dos trabalhadores e ao direito a um ambiente de trabalho seguro e salubre.
O SINTECT-SP exige que a direção dos Correios tome medidas reais e imediatas para garantir condições de trabalho dignas, seguras e que priorizem a saúde mental dos trabalhadores. A categoria merece um ambiente onde seja respeitada, e que valorize a vida e os direitos de quem, diariamente, mantém a empresa funcionando. O SINTECT-SP segue firme em seu compromisso de lutar pelo cumprimento do acordo coletivo e pelo respeito aos trabalhadores, cobrando que a direção da estatal honre os compromissos assumidos e trate os trabalhadores com a dignidade e o respeito que merecem.