Pela primeira vez na história um vereador de São Paulo é cassado por expressar racismo
Notícia publicada dia 26/09/2023 11:47
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Ato a ser comemorado, a cassação é um marco histórico da luta contra o racismo por quebrar o padrão de impunidade daqueles que o expressam e deixar um exemplo didático para toda a sociedade!
Coisa de preto é cassar racista
“Varrendo com água na calçada… é coisa de preto, né?”. Essa frase racista foi dita pelo vereador paulistano Camilo Cristófaro (Avante-SP) durante uma reunião virtual da Câmara. Seu microfone estava aberto e todos puderam ouvir a expressão preconceituosa do vereador.
Acionado por vereadores de esquerda, o Conselho de Ética da Câmara abriu processo por quebra de decoro parlamentar contra o vereador que, com um descuido técnico, revelou sua sua forma discriminatória de pensar e sentir, que no Brasil é proibida por lei.
“O quê que ‘coisa de preto’ significa? É uma ‘piada’ que trabalha com elemento narrativo de estereótipo que as pessoas negras fazem coisas erradas. Que as pessoas negras fazem coisas malfeitas. Que as pessoas negras não seriam competentes para ocupar um lugar de intelectualidade, de poder”, disse a vereadora negra Luana Alves, uma das que denunciaram o vereador.
Na sessão de julgamento, o placar foi de 47 votos pela perda do mandato e 5 abstenções. Nenhum vereador votou ‘não’. Cristófaro se tornou o 1º a ser cassado na capital paulista em 24 anos e o primeiro da história a perder mandato por racismo. Com a decisão, Cristófaro fica inelegível por oito anos, a partir de dezembro de 2024, quando se encerra esta Legislatura.
Exemplo histórico
As Secretarias da Questão Racial do SINTECT-SP e FINDECT destacam a importância da decisão histórica e seu papel no combate ao racismo, que no Brasil constitui crime em acordo com a Lei 7.716/89, que pune todo tipo de discriminação ou preconceito, seja de origem, raça, sexo, cor ou idade, reforçada pela Lei 14.532, de 2023, que tipifica como crime de racismo a injúria racial.
Nestor Dórea, Secretário de Questão Racial do SINTECT-SP, expressou a relevância da decisão da Câmara paulistana ao afirmar: “É histórica porque quebra o padrão de impunidade para aqueles em posição de poder que desrespeitam e propagam o racismo.”
Ricardo Adriane, Secretário de Questão Racial da FINDECT, reforça a afirmação: “Esta é uma vitória para a igualdade e um passo fundamental contra a impunidade que tem sido tolerada historicamente.”
Por respeito e igualdade racial
O SINTECT-SP, a FINDECT e toda a categoria ecetista se junto à sociedade paulistana no compromisso de criar um ambiente político, econômico e social inclusivo e equitativo, em que o respeito à diversidade seja um princípio inegociável.
Ações como a cassação do vereador sublinham a urgência de educar, conscientizar e fiscalizar para construir uma sociedade justa e igualitária para todos. Com a população unida e apoiada pela legislação corretiva e compensatória, é possível vislumbrar a superação do racismo e de um futuro em que a cor da pele seja nada mais que uma marca das diferenças, da diversidade e da riqueza humana.